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Há milênios, os taoístas afirmam que a polarização, a divisão e a exclusão, são a origem dos conflitos, sofrimentos e frustrações. Para eles, o mundo não se divide em dia e noite pura e simplesmente.
Não existe um interruptor entre a noite e o dia. Quando se percebe, já é dia ou já é noite. Não ouvimos nenhum clique no céu para nos avisar que já ficou escuro ou claro. Não há nada que indique o instante exato em que o dia se transforma em noite. Com isso, os sábios chineses perceberam que não existe separação entre os opostos. Uma coisa se transforma na outra, uma coisa gera a outra num continuum sem divisões. Os sábios chineses chegaram a uma conclusão fundamental: o que separa uma coisa da outra é o infinito.
Entre o dia e a noite, existe um período que se chama transição. Transição significa que se percebe o trânsito. Quando existe trânsito entre os conceitos, existe transigência, tolerância, acordos. A visão dualista, ao contrário, é intransigente e gera intolerância contra os diferentes, contra os opostos. Quando se percebe que existe transição entre todos os conceitos, assim como existe transição entre o dia e a noite, é possível chegar a um acordo entre os opostos. É possível condescender, conseguimos tolerar as oposições de forma saudável e criativa.
O sábio harmoniza os conflitos interiores e se sente ligado ao todo, a uma lógica e a uma sabedoria que transcende a própria pessoa. Por isso, está sempre em paz com ele mesmo e com o mundo.
 
Trecho do livro A sabedoria da Natureza, de Roberto Otsu, Editora Ágora, S. Paulo - ONDE COMPRAR
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